Prevalência de diabetes no Brasil chega a mais de 10% dos adultos nas capitais
A prevalência de diabetes no Brasil é uma das mais elevadas do mundo e a maior da América Latina. O país ocupa a 6ª posição global em número total de casos, de acordo com o Atlas do Diabetes 2021, assinado pela Federação Internacional do Diabetes (IDF, na sigla em inglês):
- #1 – China – 140,9 milhões de casos
- #2 – Índia – 74,2 milhões de casos
- #3 – Paquistão – 33 milhões de casos
- #4 – Estados Unidos – 32,2 milhões de casos
- #5 – Indonésia – 19,5 milhões de casos
- #6 – Brasil – 15,7 milhões de casos
Nas capitais brasileiras, são 3.522.006 pessoas diagnosticadas com Diabetes Mellitus (DM), de acordo com dados do Vigitel de 2023, consultados no Observatório da Saúde Pública. É o equivalente a 10,1% da população adulta destes municípios. Pela primeira vez na série histórica, o índice alcançou os 10%; na penúltima medição, em 2021, equivalia a 9,2%, e, na mais antiga, em 2006, a 5,5% da população.
A incidência é maior em idosos – o percentual sobe para 30,4% na faixa etária acima de 65 anos, também considerando dados das capitais do Brasil. Desse modo, a estimativa é que os casos aumentem como consequência do envelhecimento populacional.
Diabetes é um tema cotidiano na Atenção Primária à Saúde, que atua desde a conscientização sobre fatores de risco até o rastreamento, o diagnóstico e o tratamento. O Observatório da Saúde Pública apresenta abaixo informações sobre os tipos da doença e um panorama detalhado da prevalência de diabetes no Brasil.
Qual a diferença do diabetes tipo 1 e tipo 2?
O diabetes caracteriza-se pela produção ineficiente ou pela resistência à ação da insulina. Esse hormônio produzido pelo pâncreas é responsável por facilitar a entrada da glicose nas células para produção de energia. A deficiência de insulina eleva a concentração de glicose presente no sangue (hiperglicemia).
Além dos fatores genéticos, hábitos não saudáveis, como tabagismo e sedentarismo, são fatores de risco para a doença. Esta causa está principalmente relacionada ao tipo 2, que corresponde à maior parte dos casos de prevalência de diabetes no Brasil.
- Diabetes tipo 1: é caracterizado pela produção insuficiente de insulina, por isso o tratamento inclui a reposição do hormônio. Tem origem autoimune, geralmente durante a infância ou adolescência, mas a causa e a prevenção são desconhecidas.
- Diabetes tipo 2: neste caso, o organismo se torna resistente à ação da insulina, sendo necessário manter o nível de glicose no sangue controlado por meio da alimentação e/ou de medicamentos.
Entre os principais tipos, há também o diabetes gestacional, condição exclusiva da gravidez causada por alterações hormonais durante este período. O diagnóstico é realizado durante a rotina do pré-natal, pois os sintomas de diabetes gestacional podem ser imperceptíveis. A doença deve ser tratada para evitar complicações para gestante e bebê.
4 coisas que você precisa saber sobre o diabetes tipo 2
- É o tipo mais comum da doença, correspondente a 90% dos casos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde;
- Os sintomas mais marcantes são fome e sede constantes e vontade de urinar com frequência. Outros: visão embaçada, formigamento nos pés e mãos e feridas que demoram para cicatrizar, entre outros;
- O diagnóstico pode ser realizado por testes acessíveis. Os exames para diabetes são relativamente simples e baratos;
- Medidas de estilo de vida são eficientes para prevenir ou retardar o diabetes tipo 2: evitar açúcar e gorduras saturadas, praticar atividade física regular e não fumar.
Dia Nacional do Diabetes: panorama do diabetes no Brasil
O Dia Nacional do Diabetes, em 26 de junho, surgiu como uma iniciativa do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é conscientizar em relação à doença. Outra data observada anualmente é o Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro, criado pela Federação Internacional do Diabetes também em parceria com a OMS.
Entre as capitais brasileiras, Brasília (DF) e São Paulo (SP) apresentam o maior percentual de prevalência de diabetes no Brasil em 2023: 12,1%. A capital paulista, com quase nove milhões de habitantes, também lidera o ranking de número total de casos: 1.083.135, ante 808.653 na medição anterior, em 2021.
Confira o ranking das capitais com maior percentual de casos de diabetes:
Posição | Município | Percentual |
1º | São Paulo (SP) | 12,1% |
2º | Brasília (DF) | 12,1% |
3º | Porto Alegre (RS) | 12,0% |
4º | Natal (RN) | 11,8% |
5º | Fortaleza (CE) | 11,6% |
5º | Rio de Janeiro (RJ) | 11% |
No lado oposto da tabela fica Rio Branco (AC), com prevalência de diabetes em 5,6% da população adulta (queda em relação aos 6,4% registrados em 2021).
Ranking das capitais com menor percentual de casos de diabetes:
Posição | Capital | Percentual |
1º | Rio Branco (AC) | 5,6% |
2º | São Luiz (MA) | 6,0% |
3º | Porto Velho (RO) | 6,6% |
4º | Macapá (AP) | 6,8% |
5º | Belém (PA) | 6,9% |
5º | Boa Vista (RR) | 6,9% |
Diagnóstico e tratamento do diabetes
Dos mais de 3,5 milhões de adultos com diabetes nas capitais do Brasil, 66,6% (2.346.002) receberam orientação médica para o tratamento medicamentoso. Do total de pessoas com diabetes:
Faz uso de comprimido para o tratamento | 59% |
Faz uso de insulina para o tratamento | 13,6% |
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são peças-chave para manter o diabetes controlado. Estes cuidados ajudam a evitar malefícios a longo prazo, incluindo internações e óbitos pelo agravamento da doença.
Considerando todos os municípios do Brasil, houve 127.940 internações hospitalares no SUS (rede pública ou particular conveniada) por diabetes mellitus em 2022, segundo o SIH-DATASUS. A taxa equivale a 62,9 casos a cada 100 mil habitantes. Em média, os pacientes ficaram hospitalizados por 6,79 dias e a internação teve um custo médio de R$ 1.005,71.
Os gastos hospitalares equivalentes às internações em 2022 superam R$ 128 milhões (R$ 128.670.719,29). Em 2023, até o momento, o montante é superior a R$ 80 milhões (os dados ainda serão alterados até o final do ano).
O diabetes também foi a causa principal de 78.258 mortes nos municípios do país em 2021, como aponta o SIM-DATASUS – uma taxa de 38,5 mortes a cada 100 mil habitantes. Desse total, 56.345 casos correspondem à população acima de 65 anos. Já no recorte por gênero, 53,5% dos óbitos correspondem a mulheres e 46,5%, a homens.
No entanto, o número de óbitos tende a ser subestimado, pois, muitas vezes, diabetes não é a causa principal da morte. E, sim, as condições e complicações associadas à doença.
Diabetes pode ser uma doença silenciosa e grave. Com apoio dos cuidados da Atenção Primária, é possível minimizar riscos, preservar a qualidade de vida e evitar a sobrecarga dos serviços de saúde, apesar da doença.
Dados atualizados em 09/11/2023