Tabagismo e as consequências do hábito de fumar
Dados da Organização Mundial de Saúde estimam que o tabagismo é responsável por mais de oito milhões de mortes anuais no mundo todo, sendo sete milhões relacionadas diretamente ao hábito de fumar e as demais causadas pelo fumo passivo. Também é considerado a maior causa de morte evitável em todo o mundo.
O hábito de fumar está relacionado a uma série de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), trazendo problemas de saúde para quaisquer pessoas expostas à fumaça ou vapores exalados pelos diferentes produtos fumígenos à disposição dos consumidores.
Lista: As principais doenças relacionadas ao tabagismo
O consumo de produtos derivados do tabaco está relacionado ao desenvolvimento de aproximadamente 50 enfermidades, com destaque para vários tipos de câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares.
A mais evidente complicação de saúde causada pelo tabagismo é o aparecimento de tumores em diferentes partes do corpo. Abaixo os tipos mais comuns:
- Câncer de pulmão, de traqueia e dos brônquios: os mais comuns e letais entre fumantes, causaram 29.576 mortes em todos os municípios do Brasil em 2022, de acordo com dados do SIM-DATASUS disponíveis no Observatório da Saúde Pública;
- Câncer de boca, faringe e laringe: a exposição à fumaça e substâncias químicas presentes no cigarro contribuem para o aparecimento de tumores;
Câncer de bexiga, fígado, pâncreas e rins: as toxinas metabolizadas por esses órgãos podem contribuir para o mau funcionamento celular, favorecendo o aparecimento de tumores.
Não apenas diferentes tipos de tumores, mas algumas doenças cardiovasculares também estão intimamente relacionadas ao hábito de fumar:
- Acidente vascular cerebral: fumar aumenta a pressão arterial e facilita a formação de coágulos sanguíneos, fatores de risco para AVC;
- Infarto do miocárdio: o tabagismo pode favorecer o endurecimento e estreitamento das artérias, sobrecarregando o coração;
Além de contribuir para a redução da imunidade, o hábito de fumar ainda está ligado a uma série de outras complicações de saúde:
- Doenças reumáticas: o tabagismo pode propiciar inflamações em diferentes partes do organismo, aumentando o risco de desenvolver artrite reumatoide;
- Úlceras gastrointestinais: inflamações potencializadas pelo tabagismo podem favorecer o surgimento da gastrite e refluxo;
- Osteoporose: fumar pode contribuir para a diminuição da densidade óssea, aumentando o risco de fraturas;
- Doenças oftalmológicas: toxinas presentes na fumaça e vapores do cigarro aumentam o risco para catarata e degeneração macular;
- Problemas de memória: fumar pode favorecer o aparecimento de síndromes demenciais, como Alzheimer, contribuindo para a perda de memória, alterações comportamentais e na capacidade de se comunicar;
- Impotência sexual: o tabagismo interfere na pressão arterial e liberação hormonal, podendo inibir o fluxo sanguíneo e causando danos ao esperma;
- Complicações na gravidez: o hábito de fumar pode contribuir para deformações fetais e partos prematuros, além de bebês nascidos com baixo peso corporal.
Importante destacar que mesmo os fumantes passivos estão suscetíveis ao surgimento dessas e outras doenças, ainda que com menor prevalência.
Dados sobre o tabagismo no Brasil
O tabagismo é uma doença crônica caracterizada pela dependência à nicotina presente nos produtos feitos à base de tabaco. Dados da pesquisa Vigitel nas capitais brasileiras indicam que 9,3% da população adulta consome algum derivado de tabaco, índice que vem diminuindo ao longo das últimas décadas. Em 2006, por exemplo, o percentual era de 15,7%. O recorte de gênero mostra que 11,8% da população masculina faz uso de tabaco, enquanto o percentual da população feminina soma 7,3%.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) compilados em 2020, o hábito de fumar foi responsável por 161.853 mil óbitos anuais no Brasil, o equivalente a 443 mortes diárias ou 18 mortes a cada hora.
Sinal de alerta: consumo de cigarros eletrônicos
Atualmente, uma das inovações da indústria do tabaco são os chamados cigarros eletrônicos, dispositivos que vaporizam essências para inalação pelos usuários. Oferecidos em diferentes formatos e com uma ampla gama de aromas e sabores para degustação, hoje são utilizados principalmente entre a juventude. Dados exclusivos da pesquisa Covitel de 2023 indicam que 8% dos adultos já haviam experimentado cigarro eletrônico e/ou narguilé – indicadores que sobem para 23,9% e 13,1% entre as faixas etárias de 18 a 24 anos e 25 a 34 anos, respectivamente.
No Brasil, a venda de cigarros eletrônicos é proibida desde 2009. Recentemente o regramento sobre o tema foi revisto com a publicação da RDC nº 855 de 23/04/2024 que proíbe a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda dos cigarros eletrônicos. Além do mais, os dispositivos eletrônicos de fumar também são considerados produtos fumígenos.
Políticas de combate ao tabagismo no Brasil
O Brasil é reconhecido internacionalmente pela implementação de uma série de medidas para restringir o consumo e controlar a comercialização de produtos derivados do tabaco. A publicidade de cigarros e outros produtos fumígenos é proibida no país desde os anos 2000 e a partir de 2011 foi proibido o fumo em quaisquer ambientes públicos fechados.
A carga tributária incidente sobre os derivados do tabaco foi outra iniciativa brasileira para mitigar o consumo de produtos fumígenos pela população. Atualmente, 85% do valor de um cigarro é composto por impostos. Já o estabelecimento de valores mínimos para a comercialização visa impedir a venda a preços baixos, tornando-os menos acessíveis – principalmente para os jovens e pessoas de baixa renda.
Leia no Blog da Umane: Dia Mundial Sem Tabaco – tabagismo acende sinal de alerta em países de baixa e média renda
Campanhas de educação e conscientização são fundamentais para informar a população sobre os riscos inerentes ao tabagismo, bem como a oferta de aconselhamento e tratamento para quem deseja parar de fumar.