Como os níveis 1 e 2 das DCNT impulsionam a Atenção Primária à Saúde
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um dos maiores desafios de saúde pública ao redor do mundo. Condições como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e obesidade, muitas delas evitáveis, têm um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas e geram altos custos para os sistemas de saúde.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as DCNT são a maior causa de mortes na América Latina. No Brasil, a mortalidade prematura (de 30 a 69 anos) por DCNT foi a causa principal de 323 mil óbitos em 2022, com uma taxa de mortalidade de 305,7 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com dados do Observatório da Saúde Pública.
Nesse cenário, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem se destacado como um modelo eficaz de cuidado, atuando para prevenção, promoção de saúde e manejo dessas condições crônicas. O modelo de atenção às DCNT nas APS é estruturado em diferentes níveis de cuidado, sendo os níveis 1 e 2 essenciais para ampliar o acesso e garantir um cuidado eficiente e integral, promovendo a saúde da população. Abaixo, explicamos mais sobre eles.
O que são os níveis 1 e 2 do modelo de atenção às DCNT?
O modelo de atenção às DCNT nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é organizado em níveis que visam adaptar o cuidado às necessidades de cada paciente e a complexidade dos casos.
No nível 1, o foco está na promoção de saúde e na prevenção das DCNT. As ações são voltadas para a identificação de fatores de risco, como sedentarismo, alimentação inadequada e uso de álcool e tabaco. A abordagem proativa busca evitar o desenvolvimento de doenças crônicas.
O nível 2 é destinado ao cuidado de pacientes já diagnosticados com DCNT. Nesse estágio, a UBS atua diretamente no controle das doenças crônicas, com acompanhamento contínuo dos pacientes para garantir que recebam o tratamento adequado, prevenindo complicações e melhorando a qualidade de vida.
A integração de todos esses estágios, que também incluem os níveis 3 e 4 (para condições mais complexas ou avançadas) cria uma rede de cuidados que vai desde a prevenção até o tratamento especializado, assegurando um atendimento coordenado e eficiente dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).
Prevenção e promoção de estilos de vida saudáveis na Atenção Primária à Saúde para o controle das DCNT
A Atenção Primária à Saúde tem como um de seus maiores objetivos a prevenção das DCNT, e os níveis 1 e 2 são fundamentais para alcançar isso. No nível 1, a ênfase está na promoção de estilos de vida saudáveis. Dentre as estratégias implementadas aqui, destacam-se campanhas de conscientização, estratégias educativas e programas de rastreamento, com uma abordagem comunitária. Ao envolver a comunidade e a família, é possível estimular mudanças individuais e coletivas, prevenindo doenças e promovendo um ambiente saudável.
Além disso, são feitos exames periódicos para detectar sinais precoces de doenças e fatores de risco, como medição da pressão arterial, teste de glicemia e avaliação do índice de massa corporal, facilitando a intervenção antes que as DCNT se desenvolvam. Esse foco preventivo reduz a incidência das DCNT e, consequentemente, os custos com hospitalizações e tratamentos.
Já no nível 2, a atenção se volta para a gestão e controle das DCNT em pacientes diagnosticados. O foco é garantir que as pessoas com doenças como hipertensão e diabetes recebam o tratamento adequado, incluindo monitoramento de medicações, orientações sobre alimentação, exercício físico e autocuidado. Isso assegura que pacientes não apenas recebam os cuidados necessários para evitar quadros mais graves, mas também que aprendam como gerenciar sua própria condição.
Outra característica importante do nível 2 é a integração do cuidado entre os profissionais da APS. Médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais de saúde trabalham de forma multidisciplinar para garantir que o paciente receba o acompanhamento necessário em todas as áreas de sua vida.
Os níveis 1 e 2 do modelo de atenção às DCNT na APS são fundamentais para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Ao focar na prevenção e no manejo eficaz das doenças crônicas, promovem um cuidado mais eficiente, integral e acessível às pessoas que vivem no Brasil. A implementação dessas ações não só reduz os impactos das DCNT, como também melhora a qualidade de vida das comunidades, fortalece a saúde pública e contribui para a construção de um SUS mais resolutivo e preparado para os desafios do futuro. Para saber mais sobre o assunto, clique para continuar lendo: “O cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família”, de Eugênio Vilaça Mendes.