Como os níveis 1 e 2 das DCNT impulsionam a Atenção Primária à Saúde

Imagem da frente de uma UBS, destacando a importância da atenção às DCNT na promoção da saúde pública e cuidado integral nas unidades básicas de saúde
Crédito: Myke Sena/Ministério da Saúde

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um dos maiores desafios de saúde pública ao redor do mundo. Condições como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e obesidade, muitas delas evitáveis, têm um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas e geram altos custos para os sistemas de saúde. 

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as DCNT são a maior causa de mortes na América Latina. No Brasil, a mortalidade prematura (de 30 a 69 anos) por DCNT foi a causa principal de 323 mil óbitos em 2022, com uma taxa de mortalidade de 305,7 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com dados do Observatório da Saúde Pública.

Fonte: DATASUS – SIM, disponível no Observatório da Saúde Pública

Nesse cenário, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem se destacado como um modelo eficaz de cuidado, atuando para prevenção, promoção de saúde e manejo dessas condições crônicas. O modelo de atenção às DCNT nas APS é estruturado em diferentes níveis de cuidado, sendo os níveis 1 e 2 essenciais para ampliar o acesso e garantir um cuidado eficiente e integral, promovendo a saúde da população. Abaixo, explicamos mais sobre eles.

O que são os níveis 1 e 2 do modelo de atenção às DCNT?

O modelo de atenção às DCNT nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é organizado em níveis que visam adaptar o cuidado às necessidades de cada paciente e a complexidade dos casos.

No nível 1, o foco está na promoção de saúde e na prevenção das DCNT. As ações são voltadas para a identificação de fatores de risco, como sedentarismo, alimentação inadequada e uso de álcool e tabaco. A abordagem proativa busca evitar o desenvolvimento de doenças crônicas. 

O nível 2 é destinado ao cuidado de pacientes já diagnosticados com DCNT. Nesse estágio, a UBS atua diretamente no controle das doenças crônicas, com acompanhamento contínuo dos pacientes para garantir que recebam o tratamento adequado, prevenindo complicações e melhorando a qualidade de vida. 

A integração de todos esses estágios, que também incluem os níveis 3 e 4 (para condições mais complexas ou avançadas) cria uma rede de cuidados que vai desde a prevenção até o tratamento especializado, assegurando um atendimento coordenado e eficiente dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).

Prevenção e promoção de estilos de vida saudáveis na Atenção Primária à Saúde para o controle das DCNT

A Atenção Primária à Saúde tem como um de seus maiores objetivos a prevenção das DCNT, e os níveis 1 e 2 são fundamentais para alcançar isso. No nível 1, a ênfase está na promoção de estilos de vida saudáveis. Dentre as estratégias implementadas aqui, destacam-se campanhas de conscientização, estratégias educativas e programas de rastreamento, com uma abordagem comunitária. Ao envolver a comunidade e a família, é possível estimular mudanças individuais e coletivas, prevenindo doenças e promovendo um ambiente saudável.

Além disso, são feitos exames periódicos para detectar sinais precoces de doenças e fatores de risco, como medição da pressão arterial, teste de glicemia e avaliação do índice de massa corporal, facilitando a intervenção antes que as DCNT se desenvolvam. Esse foco preventivo reduz a incidência das DCNT e, consequentemente, os custos com hospitalizações e tratamentos.

Já no nível 2, a atenção se volta para a gestão e controle das DCNT em pacientes diagnosticados. O foco é garantir que as pessoas com doenças como hipertensão e diabetes recebam o tratamento adequado, incluindo monitoramento de medicações, orientações sobre alimentação, exercício físico e autocuidado. Isso assegura que pacientes não apenas recebam os cuidados necessários para evitar quadros mais graves, mas também que aprendam como gerenciar sua própria condição.

Outra característica importante do nível 2 é a integração do cuidado entre os profissionais da APS. Médicos, enfermeiros, nutricionistas e outros profissionais de saúde trabalham de forma multidisciplinar para garantir que o paciente receba o acompanhamento necessário em todas as áreas de sua vida.

Os níveis 1 e 2 do modelo de atenção às DCNT na APS são fundamentais para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Ao focar na prevenção e no manejo eficaz das doenças crônicas, promovem um cuidado mais eficiente, integral e acessível às pessoas que vivem no Brasil. A implementação dessas ações não só reduz os impactos das DCNT, como também melhora a qualidade de vida das comunidades, fortalece a saúde pública e contribui para a construção de um SUS mais resolutivo e preparado para os desafios do futuro. Para saber mais sobre o assunto, clique para continuar lendo: “O cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família”, de Eugênio Vilaça Mendes.