Outubro Rosa 2025: prevenção do câncer de mama e do colo do útero no Brasil

Outubro Rosa é um movimento global que se consolidou como um chamado à atenção e ao cuidado com a saúde da mulher. No Brasil, a campanha concentra-se principalmente na prevenção do câncer de mama — principal causa de morte por câncer entre mulheres — e também do câncer do colo do útero. Apesar dos avanços nos métodos de detecção e tratamento, a prevalência e a mortalidade dessas doenças ainda exigem atenção contínua, por exemplo.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2025 a previsão é de 73.610 novos casos de câncer de mama no Brasil. No triênio anterior, de 2020 a 2022, a estimativa foi de 66.280 casos por ano. Isso evidenciou um aumento claro na prevalência e reforçando que prevenção, acompanhamento e informação não podem ser negligenciados.
Os dados do Observatório de Saúde Pública da Umane ampliam esse panorama, mostrando tendências que vão além do diagnóstico. É possível observar o aumento da mortalidade associada a esses cânceres. Da mesma forma, de forma ainda mais preocupante, a queda nos exames preventivos — mamografia e Papanicolau — desde a pandemia.
Saúde da mulher: aumento na mortalidade por câncer de mama e do colo do útero
Segundo dados do DATASUS-SIM no Observatório de Saúde Pública, a mortalidade por câncer de mama sobe ano a ano desde o início da série histórica, em 2000. Esse número chegou a 20.165 óbitos em 2023. Entre mulheres com até 7 anos de estudo, há registro de 8.759 óbitos. Em mulheres com mais de 12 anos de escolaridade o número caiu para 3.154.
O número de óbitos por câncer do colo do útero também vem crescendo ano a ano. Em 2023, foram registrados 7.209 óbitos. Cinco anos antes, em 2018, esse número era de 6.526.

Número de óbitos por câncer de mama no Brasil chegaram a 20.165 em 2023 (DATASUS-SIM)
O Observatório de Saúde Pública também permite comparar as taxas de mortalidade por câncer de mama entre todos os estados do Brasil, em diferentes anos, por meio de um mapa interativo em que os estados com maior taxa aparecem em tons mais escuros e os com menor taxa, em tons mais claros.
 
Essa visualização mostra, por exemplo, as taxas dos anos 2013 e 2023: em 2013, os estados com as maiores taxas a cada 100 mil mulheres eram, na ordem, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Dez anos depois, em 2023, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul mantiveram-se em primeiro e segundo lugares, enquanto Santa Catarina passou a ocupar a terceira posição, o Paraná a quarta e São Paulo a quinta.

Comparação das taxas de óbito por câncer de mama por estado: Mapa 2013 vs. Mapa 2023
O que explica a queda nos exames preventivos de câncer de mama e câncer do colo do útero? 
Desde 2017, a proporção de mulheres com 18 ou mais anos de idade que já realizaram exames preventivos nas capitais brasileiras vem diminuindo. Desde 2017, o percentual de mulheres nas capitais brasileiras que nunca realizaram exames preventivos vem aumentando. No caso da mamografia, por exemplo, 33,3% das mulheres nunca tinham feito o exame em 2017; em 2023, esse número subiu para 40,2%. Uma tendência semelhante é observada nos exames de Papanicolau: enquanto em 2017 16% das mulheres das capitais nunca haviam realizado o teste, em 2023 o percentual chegou a 21,1%.
A pandemia, por sua vez, teve um papel determinante, interrompendo avanços que vinham sendo observados desde os anos 2000 e contribuindo para que os números de cobertura não voltassem a melhorar.
Um estudo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva mostra alguns fatores que intensificaram esse impacto durante a pandemia:
- Interrupção de consultas e procedimentos eletivos;
 - Realocação de profissionais de saúde para atendimento à covid-19;
 - Medo da população em procurar unidades de saúde.
 
Além disso, o acesso à saúde é desigual entre as regiões do país. Segundo dados do Vigitel, disponíveis no Observatório da Saúde Pública, as dez capitais com o maior percentual de mulheres que nunca realizaram mamografia estão localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: Macapá, Porto Velho, Boa Vista, Rio Branco, João Pessoa, Fortaleza, São Luiz, Maceió, Cuiabá e Belém.
O papel essencial da APS na detecção precoce do câncer de mama
A retomada dos exames de prevenção deve ser parte central das estratégias de fortalecimento da atenção primária à saúde no Brasil. Isso porque a detecção precoce e o rastreamento do câncer de mama e do colo do útero aumentam as chances de cura e tratamentos menos agressivos. Além disso, contribuem para reduzir a sobrecarga do sistema de saúde, tornando os cuidados mais eficientes e sustentáveis.
O Ministério da Saúde anunciou neste ano que o SUS passará a oferecer mamografia para mulheres de 40 a 49 anos, mesmo sem sinais ou sintomas de câncer. O exame será realizado sob demanda, em decisão conjunta com o profissional de saúde. Essa medida amplia o acesso à detecção precoce em uma faixa etária que concentra cerca de 23% dos casos de câncer de mama, aumentando as chances de diagnóstico precoce e tratamento bem-sucedido.
O rastreamento do câncer do colo do útero no SUS também passou por atualização. O Ministério da Saúde incorporou o exame molecular de DNA-HPV, que será gradualmente substituto do Papanicolau na Atenção Primária à Saúde (APS). O teste molecular permite identificar o subtipo do vírus, direcionando o tratamento em caso de resultados positivos, e amplia a faixa etária de rastreio de 25 a 64 anos. Quando não houver detecção do vírus, o intervalo entre as coletas será de cinco anos.
Para avançar, é necessário fortalecer as práticas de rastreamento, reduzir desigualdades de acesso e intensificar a conscientização da população. Com isso, será possível realizar mais diagnósticos no momento certo, garantindo maior sucesso no tratamento e menores custos para o sistema.
Acesse o Observatório de Saúde Pública para conferir dados e informações detalhadas.

