Alimentação saudável: 1 em cada 5 brasileiros consome frutas e hortaliças recomendadas
Promover uma alimentação saudável para a população é um tema central das políticas públicas para segurança alimentar e nutricional. E também para a Atenção Primária à Saúde. Afinal, a alimentação não-saudável é um fator de risco para doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs), como sobrepeso e obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares e cânceres.
Nas capitais brasileiras, aproximadamente 1 em cada 5 pessoas acima de 18 anos consome a quantidade recomendada de frutas e hortaliças diariamente, de acordo com dados do Vigitel de 2021, disponíveis no Observatório da Saúde Pública. O número equivale a 21,8% do total da população desses municípios.
Segundo a mesma pesquisa, as três capitais onde há maior consumo das porções recomendadas desses alimentos são:
– Belo Horizonte (MG) – 29,1%
– Vitória (ES) – 28,6%
– Florianópolis (SC) – 28,3%
O levantamento do Vigitel é realizado anualmente e, considerando a última década (dados de 2012 a 2021), houve pouca mudança no padrão alimentar da população ouvida. O índice de consumo recomendado de frutas e hortaliças foi mais alto em 2015: 24,4%. Já os 21,8% registrados em 2021 representam o menor índice do período.
Melhorar os padrões de alimentação e nutrição da população é uma questão de saúde e bem-estar. Para apoiar esse objetivo, apresentamos abaixo mais indicadores sobre alimentação saudável e não saudável, incluindo o consumo de refrigerantes e ultraprocessados.
Afinal, o que é uma boa alimentação?
Uma dieta equilibrada varia com as características individuais e o contexto cultural e demográfico de cada pessoa. Por exemplo, mais mulheres apresentam um perfil alimentar saudável (26,01%, contra 16,92% dos homens), ainda de acordo com dados do Vigitel de 2021, acessados no Observatório da Saúde Pública.
Apesar disso, é possível traçar conceitos de alimentação saudável que valem para todas e todos, garantindo que o organismo receba os nutrientes e as fibras alimentares de que precisa.
Para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma alimentação saudável para adultos inclui frutas, verduras, legumes, nozes e cereais integrais, incluindo ao menos 400g de vegetais e frutas. É o equivalente a cinco porções por dia, mesma quantidade considerada pelo Vigitel na pesquisa mencionada ao longo do texto.
Dicas para uma refeição saudável
Para manter uma alimentação saudável, a OPAS dá alguns conselhos práticos do que priorizar ou evitar, entre eles:
- Incluir verduras em todas as refeições, além de consumir frutas e vegetais como lanche, no lugar de petiscos prontos, por exemplo;
- Cozinhar ou ferver os alimentos em vez de fritá-los;
- Escolher laticínios e carnes com baixo teor de gordura, além de retirar a gordura visível das carnes;
- Limitar a quantidade de sal, molhos e condimentos com alto teor de sódio, como molho de soja e caldo de carne;
- Limitar alimentos e bebidas com quantidades elevadas de açúcar, incluindo refrigerantes, sucos e concentrados, bebidas energéticas e esportivas, chás e cafés prontos e bebidas lácteas aromatizadas;
- Diminuir o consumo de produtos pré-embalados, processados e ultraprocessados, que, em geral, contém mais sódio, açúcar e/ou gordura;
- Por último, prestar atenção à tabela nutricional das embalagens e aos novos rótulos para auxiliar nas escolhas alimentares mais saudáveis.
O outro lado da balança: comidas não saudáveis
O Vigitel também pesquisou o consumo de refrigerantes e ultraprocessados nas capitais brasileiras. Em 2021, 13,9% e 18,2% da população afirmou consumir produtos desses grupos em quantidades elevadas, respectivamente.
Considerando o refrigerante, a distribuição de pessoas que afirmam consumir a bebida cinco vezes por semana ou mais cresce entre as faixas etárias mais jovens. Para a população entre 18 a 24 anos, o índice sobe para 19,8%; entre 25 e 34 anos, fica em 17,9%.
No entanto, na última década, os refrigerantes estão em queda, como aponta a evolução de pessoas que bebem refrigerante pelo menos cinco vezes na semana, considerando a população acima de 18 anos, em todas as capitais do Brasil:
2012 | 26,2% |
2013 | 23,4% |
2014 | 20,9% |
2015 | 19,3% |
2016 | 16,7% |
2017 | 14,9% |
2018 | 14,3% |
2019 | 15,1% |
2020 | 15,3% |
2021 | 13,9% |
Outra categoria de alimentos que tem chamado atenção pelos riscos para a saúde é a de ultraprocessados. Ou seja, produtos que passam por processamento na indústria, além da adição de substâncias sintetizadas, como corantes e conservantes não naturais. Isso inclui salgadinhos, macarrão instantâneo, embutidos e sucos industrializados, entre outros.
Dessa forma, desde 2018 o Vigitel também acompanha o consumo desse tipo de alimento, que se mantém estável e elevado. Abaixo, a evolução de pessoas que consumiram cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados no dia anterior à entrevista:
2018 | 17,9% |
2019 | 18,4% |
2020 | 18,6% |
2021 | 18,2% |
Uma projeção da World Obesity Federation estima que a obesidade atinja 30% da população adulta do Brasil até 2030 – em 2021, o índice estava em 22%, segundo o Vigitel. Considerando obesidade e sobrepeso, o valor salta para 57,1%, mais da metade da população brasileira. Por isso, a promoção de uma alimentação saudável e nutricionalmente equilibrada é um pilar fundamental das ações da Atenção Primária para prevenir e amenizar o impacto das doenças crônicas na saúde da comunidade.