Queimadas e doenças respiratórias: impacto da poluição nas cidades brasileiras
As queimadas e incêndios florestais têm grande impacto na saúde pública, especialmente no que diz respeito às doenças e problemas respiratórios devido à liberação de gases poluentes e partículas tóxicas na atmosfera. Para piorar, os efeitos das queimadas não se limitam às áreas próximas aos incêndios: a ação do vento contribui para espalhar fumaça, fuligem e outras partículas por áreas que podem estar a centenas de quilômetros do fogo.
Outro problema decorrente das queimadas e incêndios florestais é a piora da qualidade do ar em cidades já afetadas pela poluição urbana, acarretando o aumento da incidência de problemas respiratórios e exercendo maior pressão sobre o sistema de saúde.
Como as queimadas aumentam os casos de doenças respiratórias nas cidades
A piora da qualidade do ar é uma das consequências mais evidentes das queimadas e incêndios florestais. Quando a vegetação queima, gases como o monóxido e dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre, entre outros, espalham-se na atmosfera junto à fuligem e outras partículas liberadas pelo fogo, contribuindo para o aparecimento de problemas respiratórios ou agravamento de condições pré-existentes.
Pessoas diagnosticadas com doenças respiratórias crônicas são as mais afetadas pelas consequências das queimadas:
- Asma: a inalação de gases e partículas tóxicas liberadas nas queimadas pode resultar em crises, dificultando a respiração;
- Bronquite: gases e demais partículas inaladas podem acarretar dificuldades respiratórias e tosses consistentes.
Em 2023, foram registradas mais de 211 mil internações por doenças pulmonares e 87 mil por asma em todos os municípios do Brasil, de acordo com o SIH-DATASUS. Em ambos os cenários, os grupos mais afetados foram as crianças, de 0 a 4 e 5 a 14 anos, e os idosos com 65 anos ou mais.
As queimadas e incêndios florestais também contribuem para irritar as vias aéreas, facilitando o aparecimento de infecções respiratórias, como a pneumonia, bem como o agravamento de condições cardíacas devido à dificuldade de respirar em meio à fumaça.
A exposição à fumaça, partículas e gases tóxicos resultantes das queimadas e incêndios florestais ainda pode irritar olhos, garganta e demais mucosas, causando a sensação de falta de ar, congestão nasal, tosses e espirros, bem como o enfraquecimento do sistema imunológico, aumentando o risco de desenvolver doenças respiratórias.
Doenças respiratórias e poluição: impactos da qualidade do ar na saúde
Dados da pesquisa Covitel 2023 disponíveis no site do Observatório da Saúde Pública mostram que 18,4% da população brasileira percebe-se como habitante de um local muito poluído.
A exposição constante à poluição, fumaça e partículas tóxicas expelidas durante as queimadas e incêndios florestais pode resultar na inflamação das vias aéreas e aumento da incidência de doenças e problemas respiratórios, além da redução da capacidade pulmonar. Em 2022, foram registradas 176.073 óbitos por doenças do aparelho respiratório no Brasil, de acordo com o SIM-DATASUS. É o equivalente a 87 mortes a cada 100 mil habitantes, taxa de mortalidades que aumenta para 112,6 no Rio de Janeiro (RJ), maior número entre as capitais, segundo a mesma fonte.
Pessoas com condições respiratórias crônicas, como asma e bronquite, bem como crianças, gestantes, idosos e populações vulneráveis são as mais afetadas pelas consequências das queimadas e aumento da poluição decorrente dos incêndios. A inalação contínua de fumaça devido à poluição e queimadas diminui a capacidade pulmonar e a eficiência respiratória, favorecendo o aparecimento de condições crônicas de saúde e piora na qualidade de vida.
Outra grave consequência da exposição prolongada à poluição e gases e partículas tóxicas decorrentes das queimadas e incêndios florestais é o estresse oxidativo das células do sistema respiratório, contribuindo para o surgimento de mutações genéticas e agravamento de problemas respiratórios crônicos, bem como maior incidência de cânceres do trato respiratório inferior. Tumores deste tipo foram responsáveis por 29.576 óbitos no Brasil em 2022, conforme dados do SIM-DATASUS.
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